terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Contos de Pedro Malazarte para adaptações teatrais

De como Pedro Malazarte evitou que o mundo desabasse...

Em certa altura deu-lhe vontade de verter água (fazer xixi). Encostou-se a um grande paredão pertencente a uma bonita casa. E, quando estava no melhor, apareceu o dono da chácara muito zangado  a perguntar-lhe quem lhe tinha dado ordem para fazer aquilo.
Pedro disfarçou e respondeu:
-Ah! Meu senhor, desde manhã que estou aqui encostado, sem comer nem beber só por causa dos outros.
-Por causa dos outros? Então como lá é isso?
-Estou escorando o mundo.
-Você está doido!
-Pois é verdade, patrão, vinha eu caminhando no meu quieto, mas quando cheguei neste lugar, me pareceu a figura de um anjo que veio descendo do céu e que me disse essas palavras:
- Por ordem do senhor Deus o mundo vai acabar à meia noite de hoje.
- Imagine o susto que não levei! Mas o anjo me aquietou:
-Há um remédio para evitar isso: é encontrar alguém que escore este muro, desde este momento.
- Só por isso não seja a dúvida, respondi, vou cortar uma estaca...
- Não, não há tempo. Antes de um minuto o muro deve estar escorado. E me empurrou para aqui onde me acho, sem poder arredar o pé, pois se saio o mundo vem abaixo.
-Deverás!
-Ah! Se o patrão me fizesse o favor de tomar o meu lugar enquanto eu vou ali no mato cortar uma escora, tudo estava arranjado, mesmo porque, se eu ficar por mais tempo, não resistirei e, com a minha morte, o mundo virá abaixo e ninguém escapará.
O homem pensou e resolveu tomar o lugar de Pedro, que prometeu voltar logo com a escora, e até hoje está sendo esperado.

De como Pedro Malazarte cozinha sem fogo

Quando chegou a cidade, Pedro Malazarte meteu-se em divertimentos com os estudantes e gastou todo o dinheiro. E antes que ficasse de todo limpo comprou uma panelinha de trempe, uma matula (comida) e segui viagem.
Já havia caminhado muito, quando avistou um rancho desocupado.
Resolveu descansar ali. Fez fogo, pôs a panela de três pés com a matula a aquecer.
Mas, nisto, vem chegando uma tropa. Pedro Malazarte mais que depressa pôs um monte de terra sobre o fogo e ficou muito quieto diante da panela que fumegava. Os tropeiros, vendo aquilo, ficaram muito espantados e perguntaram:
- Que moda é está, patrício, de cozinhar sem fogo?
- Isto não é para todos. Pois não vêem logo que a minha panela é mágica?
- Então cozinha sem fogo?
-É como estão vendo e a qualquer hora. Mas, como a fada me disse que estou por poucos dias, posso negociá-la.
Os tropeiros viram naquilo um achado; provaram da comida e acharam tudo  muito bom.
Compraram a panela, pagando por ela quanto lhes fora pedido.
Quando à hora da ceia foram cozinhar sem fogo, deram com a marosca, mas já era tarde, o Malazarte tinha-se posto a muita distância...

De como Pedro Malazarte vendeu um passarinho

Malazarte ia viajando quando lhe deu vontade de dar de corpo (fazer coco). Agachou-se no meio da estrada, e ali ficou.
Nisto avistou um senhor que andava caçando. Malazarte tirou o chapéu e colocou-o sobre o que havia feito.
O senhor quando se aproximou perguntou-lhe:
-Que está fazendo aí a segurar nesse chapéu com tanto cuidado?
-É um lindo passarinho que apanhei debaixo do chapéu. Canta que é um gosto. E eu não quero perde-lo. Estou à espera de alguém que queira tomar conta dele, enquanto vou buscar uma gaiola.
O homem ficou muito curioso de ver o canário, pois era grande apreciador de pássaros cantadores.
Propôs compra-lo, mas com a condição de Malazarte ir buscar a gaiola.
Pedro, depois  de muitas negatças (negativas), fechou negócio por bom dinheiro, deixou op tolo tomar conta , e foi buscar a gaiola.
O tempo ia passando e Malazarte não voltava. Então o homem, já impaciente, tomou o partido de apanhar o pássaro com a mão e leva-lo para casa.
Com toda a cautela, meteu a mão debaixo do chapéu e, quando pensou que pegava o canário, agarrou uma coisa muito diferente.
Deu os pregos, soltou pragas, enquanto Pedro já estava muito distante, e se divertindo à custa do trouxa...

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