Gil Vicente – Auto da Barca do Inferno.
Não se sabe exatamente quando e onde Gil Vicente nasceu. Os poucos indícios registram seu nascimento entre 1465 e 1470, possivelmente em Guimarães, cidade portuguesa rica em artistas e artesãos. Foi ai que provavelmente, ele aprendeu o ofício de ourives. Gil Vicente viveu a maior parte de sua vida em Lisboa, centro comercial e cultural de Portugal. De origem popular, não se sabe onde adquiriu a vasta e diferenciada cultura que marcou sua obra – todas, ou quase, afirmações sobre a vida do dramaturgo são suposições.
A obra de Gil Vicente não seguiu nenhum padrão determinado. Não há sinal de que conhecesse o dama grego e não há registro histórico de um teatro português pré-vicentino. Gil Vicente é, portanto, o criador do teatro de Portugal.
O teatro de Gil Vicente compõe um painel da época e do mundo em que viveu, fazendo uma dramaturgia crítica, ao mesmo tempo satírica e moralizante. Essa é uma das características mais complexas e vitais de seu teatro. Gil Vicente bombardeou praticamente todos os setores da sociedade, poupando apenas as abstratas noções de instituição. Criticou a hipocrisia do clero, em nome da fé cristã. Desbancou a tirania da nobreza, em nome da justiça social. Condenou a corrupção dos burocratas, em defesa do bem público. Nunca deixou de ser contundente e realista.
Foi um dramaturgo privilegiado. Pode desenvolver sua arte com liberdade, sem se preocupar com a sobrevivência diária. Viveu com certa tranquilidade, protegido e incentivado sob o regime de mecenato pelas Cortes de dois reis de Portugal. Mesmo assim, não deixou de criticar a sociedade de seu tempo. Tinha a convicção de que uma das funções sociais da Literatura era a problematização da realidade.
Auto da barca do Inferno: Publicado em 1517, pelo próprio autor a ação de peça desenvolve-se a partir da chegada dos personagens, que, um a um, desfilam por esse porto a procura da passagem para a vida eterna. Todos serão julgados pelo que fizeram em vida. O Diabo e o Anjo acusam, mas só o Anjo pode absolver. Em seguida ao julgamento, são encaminhados a uma das barcas. Tem como cenário fixo duas embarcações, em um porto imaginário, para onde vão as almas no instante da morte.
Texto e resumo adaptado livremente da peça, extraídos do livro Auto da barca do Inferno da Editora Zero Hora, 1998.
Para leitura integral da peça acesse o sítio: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.do?select_action=&co_autor=44
TRECHO 1: O primeiro interlocutor que chega é um fidalgo com um pajem que lhe leva a cauda da roupa e uma cadeira com encosto. Começa o Arrais do inferno antes que o Fidalgo fale:
Diabo: À barca, à barca, olá que temos gentil maré! Ora venham todos à barca.
Companheiro: Feito! Feito!
Diabo: Bem está! Vai tu em má hora. Arruma tudo para aquela gente que virá. À barca, à barca, hu-u! Depressa, que se quer ir! Que tempo de partir, louvemos Berzabu! Ora vamos, que fazes tu? Arruma tudo.
Companheiro: Em boa hora! Feito! Feito!
Diabo: Içar velas, preparar a barca. Oh, que caravela é esta! Põe bandeira, que é festa! Verga alta! Âncora a pique. Ó poderoso fidalgo! Cá vinde vós? Que coisa é esta?
Vem o Fidalgo chegando.
Fidalgo: Esta barca onde vai?
Diabo: Vai para a ilha perdida e há de partir logo.
Fidalgo: Para lá vai a Senhora?
Diabo: Senhor, a vosso serviço.
Fidalgo: Parece um cortiço.
Diabo: Porque o vedes de fora, mas entra para ver que beleza.
Fidalgo: A que terras iras passar?
Diabo: Para o inferno, senhor.
Fidalgo: Terra bem sem sabor.
Diabo: Que, estais a zombar.
Fidalgo: E passageiros achais para tal habitação?
Diabo: Vejo que pode você vir ao nosso cais.
Fidalgo: Eu não!
Diabo: Em que esperas ter a salvação?
Fidalgo: Eu deixo na outra vida quem reze sempre pro mim.
Diabo: Quem reze sempre por ti? (risada) E tu viveste a teu prazer. Por que rezam lá por ti?! Embarcai! Embarcai! Que haveis de ir de qualquer jeito. Mandai meter a cadeira, que assim passou o vosso pai.
Fidalgo: Que? Que? Assim lhe vai?
Diabo: Vai ou vem, embarcai depressa! Segundo lá escolhestes, assim cá vos contentai. Pois que já a morte passastes, haveis de passar o rio.
Fidalgo: Não há aqui outro navio?
Diabo: Não senhor que este fretastes, e primeiro me destes sinal.
Fidalgo: Que sinal foi esse tal?
Diabo: Do que vós vos contentastes.
Entrada da outra barca.
Fidalgo: A esta outra barca me vou. O da barca! Para onde vai? Ah, barqueiros! Não me ouve? Respondei-me! Estou perdido! Que estúpidos. Com o devido respeito. Não me entende.
Anjo: Que quereis?
Fidalgo: Que me digas, pois parti sem aviso, se esta é a Barca do Paraíso?
Anjo: Esta é; que procuras?
Fidalgo: Que me deixes embarcar. Sou fidalgo de solar, é bem que me recolhais.
Anjo: Não se embarca tirania nesta barca divinal.
Fidalgo: Não sei por que haveis por mal que eu entre minha senhoria...
Anjo: Para vossa fantasia muito estreita é essa barca.
Fidalgo: Para um senhor de minha importância não há aqui cortesia? Abaixe a prancha. Levai-me desta ribeira!
Anjo: Não vindes vós de maneira para ir neste navio. O outro é mais vazio: a cadeira entrará, e o rabo caberá, e todo vosso senhorio. Vós ireis mais espaçoso com esta senhoria (aponta para o Diabo), cuidando na tirania do pobre povo queixoso. E porque, de generoso, desprezastes os pequenos, achar-vos-eis tanto menos quanto mais fostes pretencioso.
Diabo: À barca, à barca, senhores! Que maré tão prata! Um ventosinho que mata e valentes remadores.
Fidalgo: Ao inferno todavia ! Inferno há aí para mim? Enquanto vivi, não contei que o inferno havia. Tive que era fantasia: folgava ser adorado; confiei em meu estado e não vi que me perdia. Venha esta prancha! Veremos esta barca de tristeza.
Diabo: Embarque vossa doçura, que cá nos entenderemos... Pegue um par de remos, veremos como remais. E, chegando ao nosso cais, todos bem vos serviremos.
Fidalgo: Espere um pouco. Tornarei à outra vida, ver minha dama querida que quer se matar por mim.
Diabo: Que quer se matar por ti?
Fidalgo: Isto é certo que eu sei.
Diabo: Quando ela hoje rezou foi por dar graças infinitas a quem a desassombrou.
Fidalgo: Quanto ela chorou por mim?
Diabo: De alegria, caro amigo.
Fidalgo: E as lástimas que dizia?
Diabo: Sua mãe as ensinou. Entrai, entrai. Coloque o pé na prancha.
Fidalgo: Entremos, pois é assim.
Diabo: Ora, senhor, descansai, passeai e suspirai. Terá logo mais companheiros.
Diabo: À barca, à barca, boa gente, que queremos dar à vela! Chegar a ela! Chegar a ela. Muitos e de boa mente! Que barca tão valente
O fidalgo entra a contragosto na Barca.
QUESTIONAMENTOS: Que tipo de personagem atual é o fidalgo? Onde podemos pesquisar informações que representem situações onde podemos reconhecer esses tipos de ações e personagens.
TRECHO 2: Entra o Agiota, e pergunta ao Arrais do inferno dizendo:
Agiota: Para onde caminhais?
Diabo: Como demorou, agiota meu parente.
Agiota: Quisera eu lá ficar...
Diabo: Ora me espanto! Não se livrou do dinheiro?
Agiota: (Olha os bolsos) Não me deixaram nem para o barqueiro, que é costume dar um trocado para o defunto atravessar a barca.
Diabo: Não seja por isso, pode entrar.
Agiota: Eu não vou embarcar nesta barca.
Diabo: Que gentil recear.
Agiota: Para onde é a viagem?
Diabo: Para onde tu hás de ir.
Agiota: Havemos logo de partir?
Diabo: Basta de conversa. Se tem pressa podes entrar.
Agiota: Para onde é a passagem?
Diabo: Para o inferno da comarca.
Agiota: Não vou eu em tal barca.
Vai até a barca do anjo e diz:
Agiota: Ó da barca! Haveis logo de partir?
Anjo: E onde queres tu ir?
Agiota: Eu vou para o Paraíso.
Anjo: Aqui não há lugar para ti.
Agiota: Por que?
Anjo: Porque esse bolsão tomará todo o navio.
Agiota: Juro a Deus que vai vazio!
Anjo: Lá é sua barca!
Vai para a Barca do inferno.
Agiota: Tem lugar para mais um.
Diabo: Entra, entra! Remareis! Não perca mais a maré. Irás servir satanás, porque este sempre te ajudou.
Entra na Barca
QUESTIONAMENTOS: Que tipo de personagem atual é o agiota? Onde podemos pesquisar informações que representem situações onde podemos reconhecer esses tipos de ações e personagens.
TRECHO 3: Vem um sapateiro e chega ao batel do inferno:
Sapateiro: Ó da barca!
Diabo: Quem vem aí? Santo sapateiro, honrado, como vens tão carregado.
Sapateiro: Mandaram-me vir assim... E para onde é a viagem?
Diabo: Para o lago dos danados.
Sapateiro: Os que morrem confessados onde têm sua passagem?
Diabo: Chega de conversa. Esta é a tua barca – esta.
Sapateiro: Como poderá isso ser confessado e comungado?
Diabo: Tu morreste excomungado, não o que quisestes dizer. Tu roubastes bem trinta anos o povo com teu ofício. Embarca, em má hora para ti, há muito que te espero.
Sapateiro: Pois digo-te que não quero.
Diabo: Vai ir sim!
Sapateiro: Quantas missas eu ouvi, isto não conta na balança?
Diabo: Ouvir missa – então roubar é caminho para aqui.
Sapateiro: E as ofertas à igreja e as horas rezadas aos mortos?
Diabo: E o dinheiro roubado?
Sapateiro vai-se à Barca do Anjo:
Sapateiro: Ó da santa caravela, podereis me levar nela?
Anjo: A carga te embaraça.
Sapateiro: Não há Deus que me faça largar a carcaça. Isto que carrego é o tesouro do ofício.
Anjo: Esta barca que lá está, leva quem rouba da praça.
Sapateiro: Assim determina que vá coser no inferno?
Anjo: Escrito está no caderno das ementas do inferno.
Torna-se à barca dos danados.
Sapateiro: Ó barqueiros! Que aguardais? Vamos, venha à prancha logo e levai-me àquele fogo!
QUESTIONAMENTOS: Que tipo de personagem atual é o sapateiro? Onde podemos pesquisar informações que representem situações onde podemos reconhecer esses tipos de ações e personagens.
TRECHO 4: Vem um frade com uma moça pela mão entra dançando e cantando (ritmo escolhido pelo grupo)
Diabo: Que é isso, padre? Que vai lá?
Frade: Graças a Deus.
Diabo: Entra na barca. Eu tocarei e podemos fazer uma festa infernal. Essa dama é vossa?
Frade: Por minha a tenho eu, e sempre a tive de meu.
Diabo: Fizeste bem que é formosa! E não vos punham reprovação no vosso convento santo?
Frade: E eles fazem outro tanto.
Diabo: Que coisa tão preciosa... Entrai, padre reverendo!
Frade: Para onde irá esta barca?
Diabo: Para aquele fogo ardente que não temestes vivendo.
Frade: Juro por Deus que não te entendo! E este hábito não me salva?
Diabo: Gentil padre pecador, Berzebu vos encomendou.
Frade: Corpo de Deus consagrado! Pela fé de Jesus Cristo, que eu não posso entender isso! Eu ei de ser condenado? Um padre tão namorado e tanto dado à virtude! Assim Deus me dê saúde, que eu estou surpreso.
Diabo: Embarca e partiremos: toma o teu remo.
Frade: Não embarco.
Diabo: Embarca.
Frade: Não embarco.
Diabo: Embarca.
Frade: Não embarco.
Diabo: Devoto padre marido, haveis de ser torturado com pingos ferventes.
Frade: Prossigamos nossa história não façamos mais detença. Dá cá a mão, vamos à barca da glória!
Ao batel do Anjo:
Frade: Graças a Deus!Há lugar cá para Reverença? E a senhora por estar comigo entrará lá!
Anjo: Meia volta atrás esta a sua barca.
Frade fica tentando passar, cansado desiste.
Diabo: Padre, haveis logo de vir.
Frade entra na barca.
Entra Brisida Vaz – alcoviteira.
Brísida: Olá da barca, olá.
Diabo: Quem chama?
Brísida: Brísida Vaz.
Diabo: Entrai vós, e remareis.
Brísida: Não quero eu entrar lá.
Diabo: Que saboroso receio.
Brísida: Não é essa barca que eu procuro.
Diabo: Você trouxe algum pertence?
Brísida: O que me convém levar.
Diabo: Com o que vais embarcar?
Brísida: Seiscentos hímens postiços, três arcas de feitiços, três armários de mentir, cinco cofres de dinheiro e alguns furtos alheios, jóias e vestidos. A maior carga ficou lá que eram as moças que eu vendia.
Diabo: Ora, ponha o pé aqui...
Brísida: Eu vou é para o paraíso!
Diabo: Quem te disse isso?
Brísida: Lá hei de ir nesta maré.Eu sou uma mártir, açoites tenho levado e tormentos suportados. Se fosse ao fogo infernal, lá iria todo mundo! A está outra barca me vou, que é muito melhor. Barqueiro, mano, meus olhos: desce a prancha para a Brísida.
Anjo: Eu não sei que te traz aqui...
Brísida: Peço de joelhos. Cuida que trago piolhos, anjo de Deus, minha rosa. Eu sou aquela preciosa a que criava meninas. Eu sou apostolada, angelada e martelada, fiz muitas coisas divinas. Santa Úrsula não converteu tantas cachopas como eu: todas salvas pelo meu, que nenhuma se perdeu. E prove aquela do céu que todas acharam dono.
Anjo: Ora, vai lá embarcar, estas me incimodando.
Brísida: Pois estou a lhe contar o porquê me haveis de levar.
Anjo: Não cures de importunar, que aqui não podeis ir.
Brísida: E que má-hora eu servi, pois não me há de aproveitar.
Vai para à barca do inferno:
Brísida: Ó barqueiro da má-hora, que é da prancha, que eu me vou.
Diabo: Ora entrai, minha senhora, e sereis bem recebida; se vivestes santa vida, vós o sentireis agora.
Vem o corregedor, chega a barca do inferno:
Corregedor: Ó da barca!
Diabo: Que quereis?
Corregedor: Eu sou o Senhor Juiz.
Diabo: Oh, meu amado...que gentil de sua parte embarcar na minha barca.
Corregedor: E onde vai o Batel?
Diabo: Pro inferno.
Corregedor: Como!? À terra do Demo há de ir um juiz?!
Diabo: Santo descorregedor, embarcai, e remaremos. Ora entrai, pois que viestes.
Corregedor: Não é de regulare júris!
Diabo: Ita,ita, daí cá a mão. Remareis um remo destes. Faz de conta que nascestes para isso. Abaixa a prancha.
Entra o procurador. Beija a mão do corregedor.
Corregedor: Ó senhor procurador!
Procurador : Beijo-vo-las mãos, juiz. Que diz esse Arrais? Que diz?
Diabo: Que sereis bom remador. Entrai, bacharel, doutor.
Procurador: E este barqueiro zomba. Essa gente que aí está, para onde a levais?
Diabo: Para as penas infernais.
Procurador: Não vou eu para lá. Outro navio está aqui. E tem a aparência muito melhor.
Diabo: Está avisado, entra aqui que temos que ir embora.
Corregedor: Confessaste doutor?
Procurador: Dou-me ao Demo. Não cuidei que era extremo, nem de morte minha dor. E vós, senhor corregedor?
Corregedor: Eu me confessei, mas tudo quanto eu roubei encobri do confessor...
Diabo: Pois por que não embarcais?
Procurador: Porque acreditamos em Deus.
Diabo: Embarquem na minha barca... Para que esperar mais?
Vão-se embora ao Batel da glória, dizem ao Anjo:
Corregedor: Ó Arrais dos gloriosos, passai-nos neste batel.
Anjo: Pragas para o papel, para as almas odiosos! Como vindes preciosos, sendo filhos da ciência.
Corregedor: Tende piedade e passai-nos como vossos!
Anjo: A justiça divinal vos manda vir carregados, vades embarcar nesse batel infernal.
Corregedor: Venha a negra prancha cá! Vamos ver este segredo.
Procurador: Vamos ver qual é o segredo...
Diabo: Entra aqui que eu te digo.
E vem um homem que morreu enforcado:
Diabo: Venhais embora, Enforcado. O que me diz?
Enforcado: Eu vos direi o que ele diz que fui bem aventurado que, pelos furtos que eu fiz, sou santo canonizado pois morri dependurado como o boi dependurado.
Diabo: Entra cá, governarás até as portas do Inferno.
Enforcado: Não é nessa nau que eu governo.
Diabo: Entra que ainda caberá.
Enforcado: Os que morrem como eu fiz são livres de Satanás. E no passo derradeiro me disse nos meus ouvidos que o lugar dos escolhidos era a forca e o Limoeiro: nem guardião de mosteiro não tinha tão santa gente como Alfredo Valente que agora é carcereiro.
Diabo: Dava-se consolação isso, ou algum esforço?
Enforcado: Com o laço no pescoço muito mal vai esta pregação. Ele leva devoção, que há de tornar a jantar... Mas quem há de estar no ar aborrece-lhe o sermão.
Diabo: Entra, entra no batel que para o inferno hás de ir.
Vêm quatro fidalgos, Cavaleiros da ordem de Cristo que morream na áfrica. Vêm cantando a letra que se segue:
Á barca, à barca segura,
Guardar da barca perdida:
à barca, à barca da vida!
Senhores, que trabalhais
Pela vida transitória,
Memórias, por Deus, memória
Deste temeroso cais!
À barca, à barca, mortais!
Porém na vida perdida se perde a barca da vida.
Vigiai-vos, pecadores,
Que depois da sepultura
Neste rio está a aventura
De prazeres e de dores!
À barca, à barca segura, guardar da barca perdida:
À barca, à barca da vida!
Diabo: Entra cá! Que coisa é essa? Eu não posso entender isso?
Cavaleiro: Quem morre por Jesus Cristo, não vai em tal barca como essa!
Anjo: Ó cavaleiros de Deus, a vós estou esperando; que morrestes pelejando por Cristo, Senhor dos Céus! Sois livres de todo o mal santos por certo sem falha: que quem morre em tal batalha merece paz eterna.
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